O essencial é invisível aos olhos

A atração pelo sexo oposto (ou mesmo sexo), normalmente se dá em três grandes blocos: físico, intangível e financeiro, que podem ocorrer isoladamente ou em conjunto.

O “Físico” é um dos mais valorizados pelas pessoas, mas curiosamente o que mais perde valor com os anos.  Isso é, conforme a idade passa (geralmente depois dos 30) o corpo vai depreciando.

O “Intangível” possui diversas ramificações. A pessoa pode ser atraída pela inteligência, senso de humor,  carisma, atitude, sensibilidade, entre outras qualidades intangíveis do(a) parceiro(a).  Esse bloco é o mais sólido dos demais, pois seu valor permanece o mesmo com os anos e é intrínseco à pessoa, não há interferência externa.

O último é o mais controverso. Raras pessoas admitem a atração financeira, mas ela existe ainda que não evidente. Ela não é tão sólida quanto os demais blocos, pois não é uma qualidade da pessoa e sim algo externo. Ter atração por pessoa inteligente – que por consequência conseguiu enriquecer –  é uma coisa, gostar de uma mongoloide que herdou a grana da família é outra. O dia que a grana acaba, o sentimento some.

Decidi fazer essa introdução depois que tomei conhecimento do site “Meu Patrocinio”, no qual a revista TPM fez uma reportagem. Nunca tinha ouvido falar dessa caralha, mas ao ler a matéria tive sentimentos variados, mas no final fiquei com pena dos participantes de cada lado. Explico.

O site trabalha prostituição na forma de escambo, usando eufemisticamente o termo inglês “Sugar Babies” para tratar acompanhantes (ou prostitutas/os). De um lado está o velho/velha cheio da grana querendo uma companhia jovem e do outro um jovem fudido que está lutando para ascender financeiramente na vida e vê no site um atalho para atingir esse objetivo.  Só que ao invés de pagar diretamente pela companhia e sexo, o velhote banca janta, viagens,  celular, jóias, etc.

Nos testemunhos dos participantes endinheirados nota-se nas entrelinhas o desespero de pessoas que se veem rejeitadas e enganam-se ao tentar comprar sentimento.

Uma senhora, por exemplo, disse que está lá, pois no Tinder e Happn nenhum homem da idade dela puxa assunto. No Meu Patrocinio ela consegue mais retorno, mas afirma que mesmo pagando,  um “Sugar Baby” tem que ter algum sentimento por ela. Traduzindo, ela é rejeitada pelos homens da mesma idade, mas como possui grana, compra a atração de um jovem.

Em um segundo testemunho, outra participante comenta que não está procurando apenas sexo e sim uma companhia. Nas palavras dela: “alguém que goste das coisas que gosto. E as coisas que gosto não são nada baratas. Frequento os melhores restaurantes, só voo de primeira classe, gosto de bons hotéis”. Ora, se ela frequenta lugares de tamanho bom gosto, como ela não encontrou uma companhia bacana neles? Em sala vip de aeroporto a azaração corre solta entre a velharada.  Depois ela emenda um discurso bonitinho de que o homem na sociedade sempre pagou as contas da mulher, mas que sempre a mantinha dependente, já ela  quer fazer alguém crescer junto, pagar faculdade, mestrado, etc.  Fofa, né? 😐

Do outro lado aparecem os Babies, que pelo visto possuem o mesmo perfil. Vieram de famílias humildes tentar a vida em uma cidade grande. Deslumbram-se com marcas e por ter uma base moral frágil, acabam aceitando presentinhos, pagamento de contas, viagens, etc em troca de acompanhar/transar com uma coroa.

Como eu disse, veio questionamentos na minha cabeça. Tem certo e errado?

Os Daddys/Mommys possuem uma das atrações (financeira) e querem a comprar a outra (física) que sobra nos Babies e esperar que  a “Intangível” venha no pacote. Não vem. Atração física e financeira chamam a atenção em um primeiro momento, mas não sustentam uma relação saudável. Como diria Exupèry, “o essencial é invisível aos olhos”.