Acesso ao sexo oposto – Mulher vs Homem

Tive um funcionário que foi um grande orgulho profissional. Entrevistei-o para uma vaga de estagiário, ele tinhas as mãos frias e suadas, falava um pouco nervoso e com tique, mas era um sujeito extremamente inteligente, ambicioso e carismático. Apostei minhas fichas nele, trabalhamos juntos por anos, ele decolou, mas nos separamos após minha saída da agência de publicidade e hoje, aos 27 anos, ele virou diretor em uma multinacional.

Ele nunca foi um cara bonito ou bem de corpo, mas como eu disse, tem boa lábia, é inteligente e agora “bem sucedido”. A história dele com as mulheres foi parecida com a minha (e de muitos homens), era um desastre quando mais novo, feio e meio nerd, chegando à casa dos 20 com pouquíssima experiência. Só que ai as coisas começaram a mudar.

Volta e meia batemos um papo para colocar a conversa em dia. Semanas atrás ele me perguntou como estavam as minhas aventuras amorosas, falei que namorava e tal, e ele emendou que eu perdia tempo, que estava na melhor idade e deveria curtir mais. Estou com 30 e poucos anos e sinceramente acho que aproveitei bem a fase da curtição, mas questionei-o sobre o conceito da melhor idade e ele me veio com um gráfico em inglês (retirado de algum blog que eu não encontrei o original), mas traduzi e adaptei abaixo:

 

Imagem1

 

A coluna vertical corresponde o acesso (ou facilidade) em transar com o sexo oposto (não bancarei o politicamente correto, pois não tenho a mínima ideia de como funciona no mundo gay) dentro de uma escala de 0 a 10, enquanto a coluna horizontal corresponde a faixa de idade (dos 15 aos 50 anos, digamos que sexualmente mais ativa que as demais).

Falando de forma bem genérica e retirando exceções, o gráfico tem algum sentido.

As mulheres com 15 anos são muito mais atraentes que os garotos da mesma idade, além disso conseguem atrair os mais velhos, e praticamente nenhuma mulher de 18 anos vai dar bola pra um moleque de 15.

Aos 18 anos, elas estão no auge para atrair praticamente o homem que quiser e nesse posto permanecem até mais ou menos os 28, quando começam a descer a ladeira da atratividade.  Os homens começam na desvantagem e percorrem um longo caminho até estarem no mesmo patamar das mulheres. Isso porque no início dos 20 a maioria deles ainda é imatura, sem muito jeito para lidar com mulher, pé-rapado e meio urubu, come o que sobra.  Incrível como a conclusão da faculdade e anos de trabalho refinam os homens.

Na intersecção do encontro dos dois sexos, ali em torno dos 28 anos, é o que chamam de “zona de casamento” e foi ai que meu ex-funcionário começou a sua sabatinação sobre a importância de eu ficar sozinho até os 40 anos (ou mais). Os argumentos são os mais variados: preocupação e gasto zero com filho e mulher sendo possível curtir a vida ao máximo, dá pra ter filho aos 50, nosso presidente tem quase 80 e é casado com uma de 30, entre outros argumentos.

Pensei em fazer uma defesa de como é importante ter uma relação duradoura, sobre o amadurecimento que ela traz e tal. Porém, isso é o que penso, foi a referência de relacionamento que tive, e talvez para um filho de mãe ou pai solteiros a perspectiva seja diferente.

Rapidinhas do Cafa – parte 7

1-) “Namoro há quatro anos até que acabei descobrindo que ele me traía com Deus e o mundo e até tinha uma amante fixa há 5 anos.

Bem, após descobrir as inúmeras galhadas que levei, ou melhor, que vinha levando, e após muito choro e termina e volta, ele me pediu perdão e me pediu mais uma chance. Dei porque ainda gosto dele (eu acho).

Ocorre que apesar de perdoá-lo não consegui esquecer as sacanagens que ele aprontou comigo e resolvi me vingar, pagando na mesma moeda.

Assim como ele, criei um perfil com nome falso no badoo (com minhas fotos) e comecei a teclar com alguns caras.

Após uns dias e muitas mensagens de caras feios e toscos, recebi uma mensagem de um cara que parecia interessante. Trinta e poucos anos, bonito, de boa situação financeira aparentemente.

Trocamos whatsapp e como queria me vingar logo do meu namorado, não tava com paciência pra enrolação e joguinhos e depois de cinco dias teclando aceitei o convite dele pra gente sair e se conhecer.

Fomos a um barzinho, bebemos um pouco, conversamos, até que eu propus que a gente saísse de lá pra dar uma volta de carro. Lá chegando, conversamos mais um pouco, até que ele criou um clima e começamos a nos beijar. Beijo vai, beijo vem, a coisa foi esquentando, quando percebi ele já tava abaixando a alça do meu vestido e beijando meus seios. Eu tentava o tempo todo puxar a cara dele de volta pra minha, mas o cara tava endemoniado.

Acho até que ele forçou um pouco a barra. Eu realmente não fui encontrá-lo com a intenção de transar logo de cara, porque penso que para o sexo fluir bem, pelo menos pra mim, preciso ter uma certa intimidade com o cara, mas como ele veio com tudo pra cima de mim, não sou de ferro e acabei não resistindo. Transamos no carro mesmo.

Foi razoável, mas foi desconfortável. Muito calor, e eu tava muito travada pelo fato de não conhecê-lo direito. Depois que terminamos, conversamos mais um tempo e fomos embora. Tudo normal até aí.

Só que o cara sumiu. Não ligou, nem fala comigo no whatsapp mais.

Fazendo um balanço de tudo, o sexo nem foi lá essa coca cola toda mas sinto que uma segunda transa ia ser melhor, mas ele evaporou. Eu também não liguei nem mandei mensagem. To agindo igual a ele. O que você acha da mulher ligar numa situação assim de sumiço pós sexo??? “

Cafa > Você não mencionou sua idade, mas sua atitude e história demonstram bastante imaturidade e é muito difícil superar uma traição nesse caso. E sinceramente, você gosta porra nenhuma do seu namorado. Primeiro, foi procurar homem na lixeira do Badoo; segundo, o seu problema não foi com o relacionamento em si, mas em ligar para um papa-mosca que sumiu após uma foda meia-boca.

Mas respondendo a sua dúvida em específico, não ligue. Nenhum homem “normal” joga fora uma oportunidade de transar mais vezes casualmente, a não ser que ele não tenha gostado, ou tenha opções melhores. Você caiu em uma delas (ou nas duas). Respire, recupere o ego perdido e tome uma atitude em relação ao seu namoro. E se for o caso de romper, vai pro Tinder ou Happn.

2-) “Eu tenho 21 anos, o cara 21 tambem. Conheci ele no tinder. Ele tinha acabado um namoro de 5 anos fazia 3 meses. Eu continuei a falar mesmo assim, pois não queria algo serio. Saimos na primeira vez para um cafe e rolou um beijo. Depois disso saimos mais 6 vezes. Acontece que, sempre saimos para cinema, museu, pizzaria. Mas, ultimamente tem acabado em pegações no carro. O problema é que eu sou virgem e falei isto a ele, quando ele tentou algo. Ele diz que me respeita e tudo mais, porem, anda tentando muito. Ele não fala de namoro ou qualquer coisa do tipo. Eu queria perder a virgindade com ele, mas não dessa forma, como um ficante. Por isto sou bem dura e falo não todas as vezes. E ele nunca forçou, so tentou mesmo. Fora isto ele é super carinhoso comigo e vive me escutando e falando da vida dele, dos amigos, dos familiares. Eu realmente sei muita coisa dele. Ele já me falou que nao esta comigo so pelo sexo. Eu vejo muito respeito nele comigo e confesso que provoco. Porem, não sei o que fazer, se continuo saindo e falando não (pq eu sei que nao conseguirei assim), se jogo a real (mas eu nao queria que ele namorasse cmg so por isto) ou se eu sumo de vez”.

Cafa > Chega a ser um pecado um cara de 21 anos terminar um namoro de 5 e engatar outro na sequência. Ele precisa de experiência (assim como você), conhecer outras mulheres, ter decepções, encaixes e tal. Isso é fundamental para o desenvolvimento emocional e sexual dele. É possível que ele esteja relutante em namorar contigo justamente por ter ficado os últimos anos compromissado e agora querer curtir um pouco a vida.

Do seu lado, entendo que as mulheres idealizam a primeira vez, que será um cara que eles sempre lembrarão, que uma primeira vez traumática pode gerar traumas e tal. Porém, nada impede que você tenha a primeira vez com alguém que não seja seu namorado. Ele só precisa te respeitar, lhe tratar bem e ter carinho. É uma bobeira pensar que a virgindade seja perdida apenas com namorados.

3-) “Cafa, meu namorado parece que tem dó de gastar o dinheiro dele comigo. Eu percebo isso nas datas especiais como aniversário ou dia dos namorados, onde eu me esforço e procuro com antecedência algo pra presentea-lo que vá surpreender e crio expectativas de que ele faça o mesmo. Mas ele sempre compra qualquer coisa e de última hora. E por exemplo eu gasto 100 reais no presente dele e ele me  dá um presente de 30. E não é por não ter dinheiro, porque se fosse isso eu entenderia, mas ele não tem dó de gastar consigo mesmo e com o carro, coisas as vezes sem necessidade. Eu acredito não ser interesse da minha parte, porque desde sempre foi assim e eu continuo agradando ele da forma que eu gosto de agradar, e ajudo quando ele precisa como gasolina as vezes. Eu só queria ser retribuído à altura. Os tênis, as camisetas que ele compra pra ele são sempre das marcas que ele mais gosta e sempre muito caros, mas pra mim parece que ele resolve gastar o mínimo possível. Alguns homens são assim mesmo ou o meu namorado não gosta tanto assim de mim?”

Cafa > Olha, se você começa a avaliar sua relação pela balança financeira, a chance de dar errado é grande. Sobe um pouco essa análise e pense no que ele é pra você nos outros aspectos. O cara se preocupa contigo? Ele quer saber como você está ou como foi seu dia? É carinhoso? Ele se envolve com a sua família e amigos? É parceiro? Óbvio, o cara ter dinheiro e comprar uma bugiganga pra você no aniversário não é um bom indício, mas homem as vezes é meio tonto na hora de dar presentes.

4-) “Conheci meu marido quando eu tinha 17 anos, ele dez anos mais velho, namoramos por tres anos e meio e nos casamos.

Sempre me senti incomodada pela sua falta de sensibilidade, acredito que o fato dele ter assumido a responsabilidade de uma casa muito cedo,  aos 18 ( pais se separaram) tenha criado aí uma carcaça e endurecido um pouco aquele coração devido as responsabilidades precoce. Saliento aqui que ele é “carinhoso” comigo a sua maneira, não questiono aqui falta de amor ou algo do tipo, mas falta de sensibilidade.

Os anos se passaram e muita coisa aconteceu, mudamos para o Canadá em 2005 por motivos de trabalho, tivemos nossos dois filhos e mesmo assim com tanta carga emocional, mudança, parto difícil em outro país etc , ainda assim não o vi derramar uma lagriminha se quer!

Voltamos para o Brasil depois de três anos onde ficamos por sete anos até decidir voltar novamente para o Canadá e em definitivo e no meio do nosso processo de imigração descubro um câncer de pulmão agressivo do nada, jovem, não fumante… mas sou uma pessoa bem tranquila e positiva no quesito doença e mesmo sendo a emotiva da relação não me vi triste ou deprimida e queria resolver logo tudo, operar rápido pra poder preparar a nossa mudança.

Mesmo com essa noticia bombástica onde existia uma real possibilidade de eu morrer e ele ficar viuvo com duas crianças, mesmo acompanhando minhas noites no hospital a base de morfina com muita dor alucinante não o vi chorar!  Sim, já o questionei algumas vezes se há uma pedra no lugar do coração dele e ele nunca soube explicar o motivo dele não se emocionar a ponto de chorar, sugeri até terapia o que ele obvio ignorou porque na visão dele isso é normal! Diz que sim se emociona por dentro e que realmente a última vez que chorou ele era jovem demais e nem lembra o motivo!

Sério, você acha isso normal? Estamos juntos há 18 anos e nunca o vi chorar! Isso me incomoda profundamente e ele sabe. Sou paranóica?”

Cafa > Não é paranoica não, mas a criação do seu marido (como você bem pontuou) o fez ser uma pessoa mais fria. Meu pai sempre foi assim, devo tê-lo visto chorar duas vezes na vida (e me emociono só de lembrar), mas ele teve uma vida difícil e foi ensinado que chorar é demonstrar fraqueza, então ele sempre quis ser um porto seguro, alguém que segura a barra quando o mundo tá desmoronando. Seu marido também parece ser uma pessoa batalhadora e de caráter, não o condene pela ausência de lágrimas.

5-) “Comecei um papo legal com um peruano no Tinder, há 5 meses no Brasil, poucos amigos, para não dizer nenhum, além das relações de trabalho. Conversamos muito durante uma semana, super ansiosos para nos conhecermos. Fomos ao cinema e não rolou nada.Depois dos dois encontros, continuamos na mesma vibe, conversamos o dia inteiro, mas não ficamos. Conversamos abertamente sobre vários assuntos, em uma dessas conversas, ficou mais picante e por uma provação minha ele mandou o famoso “nudes”,

Ele disse com todas as palavras, que ficaria comigo, entretanto, que não está pronto para se apaixonar. Eu já havia dito que não estou afim de mais um P.A, e que prefiro manter a amizade.

Já tomei a decisão de deixar rolar, não vou ficar por ficar e não forçarei nada mais sério. A amizade está boa, por enquanto. Confesso que sinto uma puta vontade de ficar com ele, mas vou tentar segurar a pepeka (hehehe).

Agora me diz, Cafa… levando em consideração as atitudes dele, não diria que ele está somente afim de sexo, mas ele disse que é isso:Sexo e amizade … pois ele não está pronto para se apaixonar, disse que me contaria pessoalmente no próximo encontro o que aconteceu… mas até lá morro de curiosidade. Preciso de um help, porque estou me apaixonando, e talvez seria melhor me afastar antes que complique mais, tomei a decisão de deixar rolar, mas ainda não estou firme nisso”.

Cafa > Dá uma preguiça de pessoas que tratam relacionamento como fosse dieta, “ai, a partir dessa segunda-feira não vou mais namorar”. Isso não existe. Gostar de alguém não é racional, simplesmente acontece. Claro, quando estamos mais dispostos fica mais fácil conhecer novas pessoas, mas ainda fechados é possível que alguém encontre uma brecha e puff….você não quer que essa pessoa suma.

Só acho que você está um pouco precipitada aqui. Nunca se beijaram, apenas conversaram bastante e você deu umas olhadelas na piroca do cara por foto. Pode ser que o beijo seja uma merda, que o sexo seja medíocre ou que ele simplesmente se demonstre um idiota após transar contigo. Você não tem nada a perder, se acha que o cara realmente é bacana, deixe rolar e vê no que dá. Se for tudo perfeito e ainda assim ele não querer nada sério, é o risco que se corre, mas eu ainda acho que vale o risco da rejeição a nunca ter tentado.

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Quer mandar a sua história para a Rapidinha? Não posso garantir que responderei todas, mas se for algo interessante e resumido, as chances aumentam. É só enviar para cafa@manualdocafajeste.com

Percepções no primeiro encontro

No post passado falei um pouco sobre percepção, quando comentei a respeito dos pedidos de amigos sobre sugestões de países para visitar. O que pra mim pode ser zuado, para alguém é super divertido, da mesma forma que eu considero um país o máximo e meu amigo que fez a mesma viagem discorde. Isso acontece em relacionamentos e talvez seja um dos principais motivos por eu receber tantos e-mails de “a-noite-foi-maravilhosa-e-ele-sumiu-to-triste”.

Lembro-me de um caso que ilustra bem isso. Eu havia conhecido a garota em um desses aplicativos de ~paquera~ e combinamos de nos encontrar na cidade dela (que ficava próxima a minha). Tinha ido poucas vezes para aquele lugar e a fama não era das melhores, mas como eu estava na seca e ela parecia agradável, aceitei o desafio.

Chegando lá, não havia um restaurante bacana, eram apenas bares copo sujo (que eu até curto, quando estou com amigos) e sambão. Como tenho a desenvoltura de uma passista alemã, optei pela primeira opção. Porém, a menina estava completamente deslocada para o local. Não sou um cara da moda, na verdade ultimamente tenho andado meio maltrapilho, mas a garota trajava um longo preto, portava um salto imenso (um pesadelo para um cara de estatura média) e um creme no cabelo que cheirava sabonete líquido do banheiro do Habibs.

Tentei quebrar um pouco o clima e falar que ela estava bonita, pronta para ir a um baile. Ela apenas agradeceu o “elogio” e seguimos conversando.

Na real conversa não existia, havia um abismo entre nós, e não era apenas altura, sarcasmo e ironia não eram os melhores amigos dela e o papo girava em torno de assuntos pueris e monótonos. Pra piorar, o dono do copo sujo contratou um violeiro que apenas tocava MPB deprê (navegando em fossas do Djavan, Legião e Lenine).

Eu virava litros de cerveja e nada daquilo melhorava, então pedi vinho (um desses baratíssimos e quase intragáveis chilenos) e ai fiquei mais animadinho. Trocamos uns beijinhos e dali fomos pro motel. Ao entrar no quarto já me bateu um arrependimento de estar ali, dei umazinha pra cumprir tabela, gozei em 5 e falei que precisava ir embora. Jurei nunca mais vê-la.

Na noite seguinte recebi um e-mail dela e fiquei mal. Bateu paixonite e ela começou a descrever um encontro que parecer ter existido apenas em sua cabeça. Primeiro ela elogiou a escolha despretensiosa do lugar, que estava tudo perfeito, o vinho, as músicas, o ambiente. O beijo? Foi mágico. O sexo? Um encaixe inexplicável. Eu lia aquilo e por vezes achava que ela havia enviado pra pessoa errada. O e-mail terminou com algo do tipo “quando duas almas se encaixam, o universo conspira a favor”.  Nunca mais nos falamos.

Depois fiquei pensando naquilo e me veio à cabeça várias situações que eu tinha passado em que rolou química, o papo fluiu e tal, mas a garota simplesmente sumiu ou não ficou tão envolvida como eu.  E ai a primeira coisa que vem na cabeça é “poxa, preciso me esforçar para na próxima fazer melhor”. O ponto é que provavelmente você fez o seu melhor, mas a percepção da outra pessoa é que você não é tudo isso e/ou há outras pessoas mais interessantes.

Diário de viagem (parte 1) e alguma coisa de relacionamento

Vez ou outra algum conhecido me pede dica de país pra visitar.  Algo tão genérico como pedir indicação de um “filme bom”. Sempre retorno com algumas perguntas mais especificas como qual o objetivo da viagem, se gosta de natureza, culinária, se está disposto a choques culturais/sociais, se está com grana, etc.

Porém, considero alguns países como clássicos Blockbuster, conseguem agradar a quase todos (como Espanha, que tem praia, comida/bebida, museu, montanha impecáveis), e alguns são como filmes da Sessão da Tarde, não tão ruins, mas você poderia estar assistindo algo melhor. Nesse último quesito eu enquadro a Indonésia. Sempre ouvi que Bali era um lugar incrível, lindo, cheio de energia e tal.

O que encontrei, porém, foi um trânsito caótico, locais vendendo até corda de varal pra turista, povo pouco cortês e praias meia boca. Fui na indicação de guias de viagem e me hospedei na praia de Seminyak, na cidade Ubud e a ilha Gilli Air. A primeira é completamente descartável, a atração mais famosa é um templo que mais parece uma casa de árvore (e eu já vi casas mais bonitinhas); Ubud é o ponto alto, a culinária é incrível, a cidade charmosa e o povo mais simpático; Gilli Air é tranquila e até tem umas paisagens bacanas, mas ela faz parte da parte islâmica da Indonésia e minha namorada sofreu um pouco por lá, desde recusas a entrar em estabelecimentos (por estar de regata) até homens querendo beijá-la por andar sozinha e vulgar com seus ombros de fora e saia.

Talvez eu não tenha visitado as melhores partes do país, mas dos sete países que visitei do sul asiático, Indonésia está no fim da lista.

Por outro lado, Filipinas me surpreendeu.  A hospitalidade do povo, alegria, e as praias são incríveis. É um dos poucos países na Ásia majoritariamente católico e com a ocupação de espanhóis e americanos por séculos, eles ficaram mais ocidentalizados, o que traz uma sensação de familiaridade e identificação maior.

Porém, há problemas que valem menção. Filipinas me lembra o Brasil de 30 anos atrás, com pessoas penduradas nos ônibus, nenhuma lei de trânsito e nego jogando lixo no meio da rua.

Contudo, a prostituição desenfreada é o pior deles. É comum ver um monte de velho europeu com meninas novinhas, que sem muita opção pra melhorar de vida, encontram nessas múmias uma salvação. Um caso me chamou a atenção.

Certa noite, estava minha namorada e eu no bar, quando apareceu um canadense de 63 anos que parecia um cruzamento do Felipão com uma coruja. Ele era até que simpático e perguntou se podia sentar na mesa conosco, aceitamos e ficamos conversando sobre generalidades. Cerveja vai, cerveja vem, ele quis nos mostrar fotos de como estava a neve no Canada. Só que ao abrir o álbum apareceram as últimas fotos que ele tirou com umas garotas de cerca de 20 anos na cama, banheira, e até do lado de uma árvore de Natal. Uma coisa assombrosa e nojenta. A conversa deu uma esfriada e minutos depois apareceu outro canadense, esse mais “novo” (49 anos), mas aparentava 60 e era imenso. O cara é bem sucedido na sua área, gerenciava pequenas construções.

Os dois canadenses não se deram muito bem e o gordinho me chamou de canto pedindo desculpas para eu não considerar os canadenses toscos e chucros como o Felipão-coruja. Levei numa boa e depois de um tempo o coruja foi azarar umas novinhas na pista (uma cena macabra) e a conversa seguiu com o gordinho.

Lá pelas tantas ele começou a abrir o coração. Disse que possui um filho maravilhoso, que o ama e tal, mas tem um arrependimento na vida, de não ter casado com uma mulher inteligente. Então ele me mostrou uma foto do garoto, e apesar do gordinho ser loiro de olho claro, o menino era moreno e com os olhos levemente puxados. Minha namorada, pouco discreta, indagou-o a respeito da aparência, foi então que nosso amigo respondeu que sua mulher era filipina.

Reitero que o povo filipino é extremamente educado e simpático, mas parte das mulheres pensa apenas em casar com alguém bem de vida para sair da pobreza, e pelo visto foi o que ocorreu com o canadense. Ao abrir seu coração, ele falou que a mulher é maravilhosa (ela tem 27 anos), mas que casou cedo (quando ela tinha 19) e que ele tinha vergonha de leva-la em eventos sociais, pois sempre passava vergonha.

Ficou um clima chato, mas seguimos na conversa e ai o cara se mostrou uma pessoa egocêntrica, materialista e pedante. Esfriei a conversa e fomos embora.

Nessas horas eu me lembro de uma frase de um tio que dizia que macaco anda com macaco e girafa com girafa. Muitas pessoas se fazem de vítima por ter um relacionamento meia boca e colocam a culpa no parceiro. O que poucas percebem é que elas atraem trastes, pois são tão piores quanto o parceiro. É óbvio que há casos que simplesmente rola uma decepção depois do convívio, mas ter essa percepção depois de casar e ter filho soa hipócrita.

Adeus Austrália!

Como eu disse em alguns posts aqui, decidi vir para a Austrália para mudar completamente minha vida. Estava cansado da minha área de formação (Publicidade), dos problemas no Brasil e decidi vir pra cá mudar de carreira e trabalhar com Gastronomia.

Minha frustração com Publicidade dava uma lista imensa, mas entre os principais motivos estava a falsidade das pessoas, a relação de suserania e vassalagem entre anunciante e agência, e a constatação de que mais importante que fazer um bom trabalho, era parecer bom.

Curiosamente, nesse último quesito, a vida na Austrália é campeã. Não importa como as coisas são, tudo “parece”.  As pessoas parecem felizes, parece seguro, parece limpo, parece que o transporte é bom, parece que tudo funciona.

Na real, há uma minoria de gente realmente feliz, o resto é uma horda de imigrantes, aborígenes (os índios daqui) e minorias trabalhando feito um macaco ou mamando nos benefícios do governo para manter o primeiro grupo e ter a ilusão que vive bem.

Além disso, a violência doméstica e estupro são crescentes, mas poucos divulgados; “limpar” é um verbo que cede lugar ao “passar um pano”; o transporte é caro, os ônibus atrasam, os motoristas dirigem mal e são mal educados. Porém, se você trabalhar bastante, ter uma vida social mínima e morar em um lugar (bem) simples, consegue juntar dinheiro e….sei lá, fazer algo com o dinheiro que juntar.

Essa foi a minha frustração no ano que vivi aqui. Sai de uma realidade no Brasil para viver outra parecida do outro lado do mundo (guardada as devidas proporções). Óbvio, a poluição, violência urbana e estabilidade econômica são incomparáveis com as do Brasil, e talvez as pessoas que estejam aqui com residência tenham uma perspectiva melhor. Porém, no meu ponto de vista, há tantos problemas aqui que é preciso pesar até quando vale a pena o esforço.

Grande parte dos brasileiros que conheci (incluindo eu)  fazem me lembrar das cenas do purgatório da novela “A Viagem”, um monte de alma penada tentando achar uma luz. E pra quem está no completo breu, um fósforo é sol. Conheci pessoas jovens, formadas e talentosas trabalhando há anos como faxineiros, pois o salário é bom e possuem mais oportunidades que no Brasil. Não há preocupação com o longo prazo, enquanto tiverem energia eles seguem girando a economia da Austrália em troca dos seus anos de vida.

Não me arrependo do período que morei  aqui, tomei muito tapa na cara da vida e passei a vê-la com outra perspectiva. A Gastronomia ainda me fascina, mas definitivamente não seria como chef que ficaria realizado. Chegou novamente a hora de estender as velas e partir para outro desafio. Dessa vez na Europa. Antes, vou aproveitar o dinheiro que juntei aqui para curtir o sudeste asiático. Tentarei postar com certa regularidade, mas creio que entre uma praia e outra estarei muito bêbado para escrever, mas farei o possível. =)