O essencial é invisível aos olhos

A atração pelo sexo oposto (ou mesmo sexo), normalmente se dá em três grandes blocos: físico, intangível e financeiro, que podem ocorrer isoladamente ou em conjunto.

O “Físico” é um dos mais valorizados pelas pessoas, mas curiosamente o que mais perde valor com os anos.  Isso é, conforme a idade passa (geralmente depois dos 30) o corpo vai depreciando.

O “Intangível” possui diversas ramificações. A pessoa pode ser atraída pela inteligência, senso de humor,  carisma, atitude, sensibilidade, entre outras qualidades intangíveis do(a) parceiro(a).  Esse bloco é o mais sólido dos demais, pois seu valor permanece o mesmo com os anos e é intrínseco à pessoa, não há interferência externa.

O último é o mais controverso. Raras pessoas admitem a atração financeira, mas ela existe ainda que não evidente. Ela não é tão sólida quanto os demais blocos, pois não é uma qualidade da pessoa e sim algo externo. Ter atração por pessoa inteligente – que por consequência conseguiu enriquecer –  é uma coisa, gostar de uma mongoloide que herdou a grana da família é outra. O dia que a grana acaba, o sentimento some.

Decidi fazer essa introdução depois que tomei conhecimento do site “Meu Patrocinio”, no qual a revista TPM fez uma reportagem. Nunca tinha ouvido falar dessa caralha, mas ao ler a matéria tive sentimentos variados, mas no final fiquei com pena dos participantes de cada lado. Explico.

O site trabalha prostituição na forma de escambo, usando eufemisticamente o termo inglês “Sugar Babies” para tratar acompanhantes (ou prostitutas/os). De um lado está o velho/velha cheio da grana querendo uma companhia jovem e do outro um jovem fudido que está lutando para ascender financeiramente na vida e vê no site um atalho para atingir esse objetivo.  Só que ao invés de pagar diretamente pela companhia e sexo, o velhote banca janta, viagens,  celular, jóias, etc.

Nos testemunhos dos participantes endinheirados nota-se nas entrelinhas o desespero de pessoas que se veem rejeitadas e enganam-se ao tentar comprar sentimento.

Uma senhora, por exemplo, disse que está lá, pois no Tinder e Happn nenhum homem da idade dela puxa assunto. No Meu Patrocinio ela consegue mais retorno, mas afirma que mesmo pagando,  um “Sugar Baby” tem que ter algum sentimento por ela. Traduzindo, ela é rejeitada pelos homens da mesma idade, mas como possui grana, compra a atração de um jovem.

Em um segundo testemunho, outra participante comenta que não está procurando apenas sexo e sim uma companhia. Nas palavras dela: “alguém que goste das coisas que gosto. E as coisas que gosto não são nada baratas. Frequento os melhores restaurantes, só voo de primeira classe, gosto de bons hotéis”. Ora, se ela frequenta lugares de tamanho bom gosto, como ela não encontrou uma companhia bacana neles? Em sala vip de aeroporto a azaração corre solta entre a velharada.  Depois ela emenda um discurso bonitinho de que o homem na sociedade sempre pagou as contas da mulher, mas que sempre a mantinha dependente, já ela  quer fazer alguém crescer junto, pagar faculdade, mestrado, etc.  Fofa, né? 😐

Do outro lado aparecem os Babies, que pelo visto possuem o mesmo perfil. Vieram de famílias humildes tentar a vida em uma cidade grande. Deslumbram-se com marcas e por ter uma base moral frágil, acabam aceitando presentinhos, pagamento de contas, viagens, etc em troca de acompanhar/transar com uma coroa.

Como eu disse, veio questionamentos na minha cabeça. Tem certo e errado?

Os Daddys/Mommys possuem uma das atrações (financeira) e querem a comprar a outra (física) que sobra nos Babies e esperar que  a “Intangível” venha no pacote. Não vem. Atração física e financeira chamam a atenção em um primeiro momento, mas não sustentam uma relação saudável. Como diria Exupèry, “o essencial é invisível aos olhos”.

Dia das leitoras – Homemcentrismo

“Sou sua leitora bem antes da matéria da Epoca, intitular você como uns dos blogs, mais influentes da blogosfera brasileira, isso ah uns 14 anos atras.Ou seja, você me ajudou muito, para a minha formação e comportamento, além de fazer com que eu compreendesse um pouco melhor o universo masculino.

Cafa > Po, ai você quer me f*. Isso faz “apenas” 8 anos.  De qualquer forma é uma boa lembrança, mas pelo visto você compreendeu apenas um pouco do universo masculino / relações.

Venho hoje, pedir sua ajuda, e realmente espero uma resposta.

Conheci meu esposo na faculdade e ja estamos casados a 5 anos, ele foi o homem com quem tive minha primeira experiência sexual, nossa diferença de idade é de 6 anos, eu com 31 e ele com 37.

Cafa > Já falei em um post aqui sobre essa questão de experiência sexual.  Sem dúvida alguma é um complicador nessa relação.

Dentro deste período que juntando namoro e casamento já faz seus quase 8 anos, muita coisa aconteceu.Os 2 primeiros anos de casados foi tenso, e eu bem racional, não querendo mudar ele,  nem ele querendo me mudar, levando a vida normal, porem sempre havia discussão por causa de grana, ou por alguma mentira que ele dizia” segundo ele no intuito de me proteger” e que eu acabava descobrindo.

Cafa > Sobre  “Os 2 primeiros anos de casados foi tenso, e eu bem racional, não querendo mudar ele,  nem ele querendo me mudar”, não vejo racionalidade e sim certa imaturidade. Se há um problema na atitude do outro que incomoda o parceiro, isso precisa ser discutido (por mais que homens odeiem discussão). O problema é que as vezes não é apenas uma questão de atitude e sim de personalidade e ai fica bem difícil mudar depois de velho. Pra ser mais prático, é o mesmo que você reclamar, pois o vagabundo nunca lava uma louça ou tira o lixo. Isso é perfeitamente fácil de mudar em uma pessoa. A outra é fazer com que o cara pare de contar mentiras.

Para todos somos comercial de margarina, só que eu sei que isso  nunca foi verdade.

Cafa > Xiu, não fala isso que denuncia a sua idade. Melhor falar que são o “casal Instagram”.

Aos fazermos 5 anos fiz um balanço e descobri que estou cansando das mentiras, das promessas não cumpridas. Somos casados e moramos com meus pais(sou filha unica), porem eles não se metem na relação, e eu não discuto com ele na frente dos meus pais.

Cafa > Demorou um pouquinho pra fazer esse balanço, né? Você não entrou no detalhe das mentiras, pode ser uma coisa boba ou bastante séria. Não consigo opinar sem detalhe, me atenho aqui ao fato de você ainda morar com os pais.

Não sei qual a sua situação financeira ou quão dependente seus pais são de você, mas dividir o mesmo teto com os pais e esposo não faz bem à relação. Por mais que você não discuta, que eles não se intrometam, a galera tá ali na arquibancada. Quem consegue agir com naturalidade e se soltar sabendo que o sogro e a sogra estão a alguns metros de distância?

Acontece cafa, que por falha eu achei que ele pudesse evoluir. Sou independente, mas sinto falta de um cara puxar a cadeira, dar atenção,(sendo que muitas vezes quando saímos com alguns colegas, eu fico só na mesa conversando e ele vai fazer outra coisa.

Cafa > Se eu tivesse na pele desse cara, estaria desesperado. Não bastasse ter que dividir o teto com o sogro e sogra, nos poucos momentos fora do seu círculo social, ele ainda precisa te mimar. Deixa o cara desmamar um pouco, bater um papo com os amigos, dar uma volta e faça você o mesmo.

Porem o que mais me incomoda é ele , pegar o que ele ganha e dar para a  afamilia dele, sendo que os pais dele, possuem renda, a irmã e o irmão mais velho vivem fazendo gastos para meus sogros pagarem.

Cafa > O diálogo é algo inexistente na sua relação, né? Não consigo entender como alguém com problemas financeiros, que mora com os pais da mulher, ainda manda dinheiro para os pais (que possuem renda para se manter). Essa conta não fecha e ao invés de você entender como o cálculo é feito, fica reclamando do resultado.

Eu tenho a sensação que me casei porem meu esposo não assumiu a postura de dono de casa.

Cafa > E ele não vai assumir, pois o “dono da casa” é seu pai.

Eu fiquei disponível para o mercado recentemente e com isso, não tive apoio dele, pois ele tem altos contatos, porem , ele não me indica.

Cafa > E por que você não perguntou o motivo? Pare de criar picuinha a toa.

Atualmente todos os focos dele sao para o novo curso q ele esta fazendo.Eu continuo estudando, e buscando recolocação, porem percebo a cada dia, que meu casamento caminha para o fracasso.Esta não é a primeira crise, e eu  sento e converso, ( porem sinto ele birrar comigo, matar na unha),

Cafa > Você conversa? Tem certeza? Não me parece que vocês estão em sintonia e entendendo o que passa com cada um.

a minha relação com a minha sogra é a treva(pois temos concepções religiosas bem diferentes e eu não bajulo ela, ao contrario da outra nora.Já pensei em pedir para ele passar um tempo na casa dos pais dele( durante uma briga já fiz isso) só que ele fez-se de morto.

Cafa > Então, além do problema com o marido, você tem rusgas com a cunhada e a nora. Será que todo o problema da história é o cara?

É senso comum que futebol, religião e política não se discute. Cada um tem sua opinião e não há verdade final. Não há um dia que eu não me coce para mandar meus amigos petistas e bolsomitos catar mandioca, mas respiro, penso duas vezes e pulo o post.

Você não precisa bajular sua sogra para ter a sua admiração/confiança, basta trata-la como um ser humano comum, com as suas crenças, limitações e defeitos. Se mesmo sendo compreensiva e ponderada, ela não te tratar com respeito, tudo bem. Você não casou com ela, e sim com o filho.

Se me perguntar neste exato momento(10;09, horário local, se eu amo ele,  sinceramente não sei).De uns 10 dias para cá deste a nossa maior discussão onde fiquei 4 dias sem falar com ele, eu tenho evitado sexo, não sinto vontade, e não tenho cabeça.Ele e doido para ser pai e eu não me vejo sendo mãe.

Cafa, é hora de dar um tempo em casas separadas para ver se sentimos falta um do outro? ou devo continuar lutando e fazendo de conta que esta tudo bem? Ele diz que me ama(  e eu não acredito), mesmo ele tendo ficado ao meu lado quado tive um delicado problema a de saúde(estresse profundo)”.

Cafa > Sem dúvida alguma essa relação precisa de uma reflexão e diálogo. Do jeito que está não é sustentável. Porém,  o fato de você não ter outras experiências com homens prejudica muito a auto-análise. Vale a pena conversar com um amigo (de preferência) ou amiga próxima e dividir suas angústias, de repente ele(s ) pode(m) apontar com mais precisão que defeitos você tem cometido.

Na minha opinião, você sofre de “homemcentrismo”, ou seja,  o cara parece ser o centro da sua vida. O seu emprego depende dele, a sua vida social não é a mesma sem ele, ele precisa ser o “dono” do lar, tem que utilizar o dinheiro com vocês e por ai vai.

Tente trilhar a sua vida com menos foco no cara e mais em você. 

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Quer mandar a sua história para o Dia das leitoras? Não posso garantir que responderei todas, mas se for algo interessante e resumido, as chances aumentam. É só enviar para cafa@manualdocafajeste.com

Prevendo o futuro

Tenho uma tia meio zureta. Na verdade hoje ela está um pouco normal, mas quando eu era pequeno, ela me intrigava com a sua superstição e digamos que ela foi a grande responsável por me tornar descrente de qualquer bobagem mística para descobrir o futuro, trazer a pessoa amada, simpatias e outras coisas etéreas.

Ela tinha um amigo gay que vez ou outra aparecia na casa dela, e como eu sempre estava por lá nos finais de semana para brincar com meu primo, era inevitável ouvirmos/vermos o que rolava.

Era um ritual, primeiro eles faziam fofocas tomando umas cervejas na cozinha e depois se trancavam na sala de tv para ter “conversa de adulto”.  Eu devia ter uns 13 anos e já começava a suspeitar se aquele amigo era de fato gay. Até que um dia meu primo e eu nos escondemos no armário para fuçar o que rolava. Eles chegaram, sentaram no chão e começaram a rezar. De repente o cara assumiu uma postura de criança e começou a falar como tal e dar conselhos para minha tia. Meu primo explodiu de rir, o cara deu um berro (aparentemente saiu do transe) e corremos do esconderijo. Ele ganhou uns tapas, eu um castigo da minha mãe, que me pedia para respeitar as crenças da tia.

Teve também uma fase cigana. Ela dizia que tinha uma mentora espiritual nascida na Catalunha em 1702. Minha tia lia cartas e previa o futuro das pessoas. Nunca adivinhou porra nenhuma. Hoje eu me questiono porque essa maldita cigana não ensinou a minha tia a cozinhar paella ou fazer tapas.

Depois ela teve uma cartomante de ~confiança~, que quase deixou a minha tia com uma mão na frente e outra atrás. A mulher virou uma psicóloga ruim pra minha tia, conseguia extrair informações pessoais e “adivinhar o futuro” com as mesmas informações que minha tia passava.

Por fim, ela começou a consultar uma negra idosa (que incorporava um preto velho). Essa mulher conseguiu enganar a minha tia por um bom tempo, mas até que não levou tanto dinheiro quanto a cartomante anterior.  Ela colocava um cachimbo na boca e falava engraçadinho, tal qual um preto velho. Um dia ela pediu que minha tia trouxesse meu primo e eu na sala. Morri de medo, já imaginando que ela fosse jogar uma galinha preta ou alguma macumba em nós.

Entramos na sala, ela deu uma pitada em seu cachimbo, olhou pra mim e falou: “xi minino…ha ha ha. Xi minino vai se muito rico. Doutor dos óio. Vai dar trabalho com a mulherada”. Eu era feio pra cacete e não tinha a mínima vontade de ser médico, mas fiquei feliz com a possibilidade de ser rico e ter sucesso com as mulheres. Ela ficou quieta e minha tia perguntou sobre o meu primo. Ela deu risada e falou “xe xe xe, vai fazer muito sucesso não. Mas exe aqui (e apontava pra mim)…vai da trabaio”. Eu queria rir, meu primo fez cara de bolinho, e minha tia ficou puta. Nunca mais vi a velhinha simpática por lá.

Não tenho religião, mas não sou ateu e respeito quem possui crenças. Eu só não concordo com pessoas que buscam um elemento externo para canalizar suas angústias, frustações ou vontades. Se alguma coisa não dá certo “ah, foi porque Deus quis assim”, se querem algo “Pede pra Santo Antonio” e assim essas entidades viram o dono do destino de cada um e as pessoas são meros fantoches de um ser supremo.

Minha tia, que era bonita e inteligente (apesar dos pesares), tinha meio caminho andado para encontrar alguém bacana. Acabou desquitando com 30 e poucos anos, arrumou um monte de cara tranqueira, e hoje mora sozinha num apartamento com um labrador, três gatos, um aquário de água salgada, um papagaio e três periquitos na gaiola. Acho que ninguém previu isso e ela não me parece muito feliz.

Dia das leitoras – Sufocando o parceiro

Ao lado de San Diego e Dublin, Sydney deve ser uma das cidades fora do Brasil com mais brasileiros. É comum no transporte público ouvir alguém falando português. Sempre que percebo um casal brasileiro nas redondezas, aproximo discretamente para ouvir a conversa, é um bom estudo sobre as relações humanas (ou pode chamar simplesmente de fofoca).

Quando você mora em um país que (quase) ninguém fala sua língua, é comum você não ter filtros pra conversar na rua, então digamos que é bastante interessante ouvir os relatos. Ontem, foi a vez de acompanhar um casal.

O cara era o perfeito fantoche de brasileiro, boné alto/aba reta, tatuagem aparente, barba por fazer, bermuda comprida, camiseta surf/skate style e gírias de mano. A menina era ok, mas insuportável. Estávamos na estação aguardando o trem e durante os 10 minutos de espera, ela fez o cara responder quem era cada uma daquelaszinhas que haviam curtido um post fofo que ele fez no Facebook.

Algumas das garotas das curtidas já estavam no mapa mental ciumento da garota e assim que o cara dava uma breve explicação babaca sobre a menina, ela já emendava um comentário chato “Ah, essa dai comentou o seu post da semana retrasada. Não sei o que essa japa tá buscando”. E ai o cara tinha que replicar. Minha vontade era olhar fixamente para os dois, soltar um “credo” e sair andando. Mas poderia gerar barraco e achei melhor entrar em um vagão diferente do deles.

Há alguns dias, recebi a história de uma leitora que padece de um mal parecido com a da garota do metrô, ela sufoca os parceiros.

Vamos ao relato:

“Olá Cafa, tenho 27 anos, moro no interior de Minas, tenho 2 pós  e estou tentando o mestrado. Estou trabalhando bastante para comprar meu 1° apartamento no inicio do ano que vem. Estou caseira inclusive nos finais semana. Comparado com as outras pessoas, tive poucos paqueras na vida. Perdi a virgindade com 22 anos, e até agora tive uns 5 ou 6 “ homens na vida”   mas os que realmente marcaram foram os 2 últimos que vou contar nesse e-mail. O problema que me deixa angustiada é que tenho 27 anos e nunca tive uma relacionamento sério Cafa!

Cafa > Aqui começam alguns pontos que ajudam a entender o seu conflito. Conheci muita mulher do interior (seja de São Paulo, Minas, Bahia, etc) e uma das grandes queixas delas é a respeito da repressão que tiveram para não ficar “falada” na cidade e por isso se relacionaram com poucos homens no início da fase adulta e criaram alguns (mau) hábitos pela falta de experiência.

Uma coisa, porém, que você precisa trabalhar é essa questão da angústia/desespero por ter 27 anos e nunca ter tido um relacionamento sério. Veja só, eu com toda experiência que tive e morando em uma grande cidade fui ter um namoro sério com a sua idade.

De repente você não teve a sorte de encontrar alguém legal ou anda fazendo besteira quando conhece. O problema de você atacar apenas a ponta do problema (“preciso ter uma relação séria”) faz com que você fique pegajosa, ciumenta e chata.

Conheci um rapaz no tinder no final de 2014. Ele tem a minha idade. Mora em outra cidade (70 km da minha). Era tudo ótimo, ele sempre atencioso comigo com direito a mensagens inesperadas, elogios, musiquinhas, telefonemas, satisfações sem eu pedir “ Mel, não te liguei hoje pois estava trabalhando”, “ Mel amanhã vou estar em tal lugar” etc. Sempre admirei a inteligência dele, é do tipo de cara nos faz querer evoluir, aprendi muito nesse “relacionamento”. Todavia, umas 2 vezes ele falou pra gente ir com calma pois morávamos em cidades diferentes.

Cafa > Isso é desculpa. A distância (70 km ) não é suficiente para frear uma relação.

Acontece que passei do ponto Cafa, me empolguei demais e acho que fui chatinha mandando várias mensagens, coisas de mulher apaixonadinha. Surgiu um concurso que ele se interessou. Me pediu “um tempo” para se dedicar totalmente a isso. Falou que ia dar um break na vida pessoal, entrou em um curso intensivo e cogitou sair do emprego pra estudar.  Eu não respeitei o tempo dele, fiquei insegura, fiquei mais chatinha ainda e ele “ terminou” definitivamente comigo.

Cafa > Olha, pra você assumir que foi chatinha, eu posso imaginar a intensidade. Mulheres sempre dão uma suavizada nos defeitos.

Entendo que as pessoas possuem seus objetivos, mas esse lance de “dar um break na vida pessoal” me parece absurdo. O cara pode reservar um horário para estudar (e de repente até sair do trabalho), mas lazer e descanso fazem parte de uma vida saudável e que influencia (positivamente) passar em concurso. O ponto é que pelo visto você queria mais que o tempo de “lazer” com o cara e ai ele decidiu dar um break.

Mas não foi o fim, depois disso e depois da prova dele ficamos algumas vezes ano passado, pessoalmente tudo perfeito ( jantares, barzinhos, papo fluindo, tempo voando, dormir abraçados a noite toda, sexo delicioso ..) mas no whats quando eu tocava no assunto do nosso relacionamento era discussão certa. Temos 352436 horas de DR por whats e email. Me surpreende a paciência dele!!!.

Cafa > Que coisa bizarra, vocês só tinham DR no Whatsapp? Por que não conversar pessoalmente? Não acha que falta um pouco de maturidade entre vocês?

Várias vezes ele falava que não era certo a gente ficar pois isso empatava minha vida pessoal, que eu tinha valor, que não era mulher qualquer e que enquanto a gente ficasse eu não ia conhecer alguém e namorar pois estaria focada nele. Então no final do ano passado paramos de ter contato. Retomamos contato ( parece coisa mal acabada Cafa, sei lá) e fizemos uma “ despedida” agora em setembro  foi tudo maravilhoso como sempre, mas depois no whats tivemos a mesma DR e ele falou que era melhor a gente ficar de 6 meses a 1 ano sem contato e a partir daí reaver se eu ainda quisesse a amizade. Estou bloqueada ( falei que era pra ele me bloquear se não eu ia acabar falando com ele sim).

Cafa > Quem lesse esse trecho, sem as devidas apresentações, jurava que são dois adolescentes discutindo.

Durante o tempo que fiquei sem contato com ele no final do ano passado conheci um rapaz em uma cidade no interior do Rio, onde eu trabalhava na saúde pública 2 vezes por semana. Ele é médico de Belo Horizonte e os dias de plantão dele nessa cidadezinha batiam com meus dias de trabalho lá. Fomos gostando um do outro e começamos a ficar sempre. Como a cidade era pequena todos ficaram sabendo, ele disse aos outros médicos amigos dele que estava namorando comigo, ficávamos de namoradinhos, mãozinhas dada nas festas da cidade. Eu recebi uma proposta de emprego melhor na minha cidade e pedi demissão, mesmo assim ele continuava a me visitar na minha cidade. Só que mais uma vez acho que fiquei chatinha Cafa, mandando muita msg, insegura, até que ele falou que não queria namorar por agora.

Cafa > Bom, se ele falou que “não queria namorar por agora” subentende-se que você sugeriu (ou intimou) uma oficialização dessa não-relação. Você sabe lá no fundo que está fazendo merda, né? Não estou defendo o cara, nem dizendo que ele é um santo, mas você tem vacilado demais.

Mesmo assim continuamos a ficar. Até que no inicio desse ano ele sofreu um acidente de carro grave. Quis visita-lo em BH, onde ele ficou internado, mas ele não deixou, disse que não adiantaria pelo horário apertado de visitas. Combinamos um encontro quando ele tivesse um pouco melhor quando saísse do hospital. Acontece que na outra semana ele me revelou que estava saindo com uma pessoa e que ela era da cidadezinha que nos conhecemos (?!!?!)  Até hoje não entendi nadaa Cafa. Se ele estava namorando com ela, não entendo pq estava planejando encontro comigo na semana anterior.

Cafa > Mas quem disse que ele estava namorando a garota? Ele ou você supôs em mais uma onda de ciúme? Aliás, pelo que você comentou anteriormente, ele havia “confidenciado” para os amigos do trabalho que estava namorando com você. Enfim, está faltando coerência nessa história.

Depois de 3 meses ( agora em setembro) fui na cidadezinha para um casamento de um amigo em comum e ele estava com a moça, ela é técnica de enfermagem e mora e trabalha lá também. Eu não conheço a moça, mas quando questionei sobre ela, meus amigos e outras pessoas que conhecem não falaram bem, disse que é meio mal educada, um pouco sem noção no trabalho, “galinha”,entre outros adjetivos do tipo.

No casamento teve um momento que eles levantaram e foram ficar se abraçando perto da minha mesa. Não entendi nada sobre isso também. Fiquei triste e meus amigos perplexos. Ele que sempre disse que gostava muito de mim, que não ia querer perder minha amizade, que conversávamos quase todos os dias e mudar a cabeça de uma hora pra outra .. não entendo Cafa.

Cafa > Não foi de uma hora para outra. O cara é solteiro, assim como você. Provavelmente ele estava ficando com as duas ao mesmo tempo (o que é normal, quando não se tem compromisso). Talvez por você ser chatinha ou simplesmente por ele ter tido mais química com a outra garota, você acabou sendo preterida. Não tem nenhum mistério aqui ou uma mudança súbita de opinião.

Teve um momento no casamento que ele foi na minha mesa, cumprimentou todos meus amigos e quando foi falar comigo falou “ oi gatinha” era o modo que nos chamávamos carinhosamente quando ficávamos. Ele quis brincar comigo Cafa? Atualmente ele não quis mais minha amizade de ficar batendo papo no whats ( sendo que antes ele falava que não ia querer perder a amizade).

Cafa > Para com essa coisa boba de Whatsapp. Você não beija, não troca olhares, não sente a pessoa por mensagem. Ele foi moleque de te chamar de “gatinha” na festa, mas isso não tem segundas intenções.

Enfim, foi um ano só de decepção cafa, peço sua ajuda para sair desses ciclos que sempre entro. Não quero sair por aí ficando, quero um relacionamento sério. Qual postura devo ter para atrair isso e passar a mensagem certa para homens? Onde os rapazes de qualidade se escondem Cafa ? Eu não quero sair, ir pra barzinho estando solteira, estou em uma fase que gostaria de ir acompanhada por um namorado. Quando conhecer alguém legal qual deve ser minha postura ? Qual é o momento certo de transar Cafa ? Meu caso é caso de terapia ? Você veria com maus olhos alguém de 27 que nunca namorou sério ?

Cafa > Você sabe que o problema está contigo. Não tente terceirizar nomeando “ciclos” ou “rapazes de má qualidade”. Como eu disse anteriormente, enquanto você apenas se preocupar com a ponta do problema (encontrar um  rapaz de qualidade e namorar), nada vai mudar.

Terapia sempre é uma boa para você entender melhor sobre seus traumas, ideias fixas e tal. As vezes a gente consegue trabalhar alguns defeitinhos sem psicólogo, outras vezes é preciso ir lá no fundo da psique para desatar alguns nós que surgiram na nossa formação (principalmente se você teve pais repressores na questão sexual).

As vezes seu discurso é confuso. Você fala, por exemplo, que não quer ir pra barzinho sozinha, pois quer ir com namorado. Porém, como você vai conhecer alguém se não for no barzinho? Tinder? No trabalho? Pode até ser, mas sair com as amigas para bares é também uma forma de conhecer homens (as vezes até melhor que o Tinder).

Não existe uma fórmula sobre quando você deve transar ou como deve ser comportar. Do contrário todas as mulheres seriam iguais e todas seriam sem graça. O que você deve evitar são os extremos, bancar a recatada ou trepar no lustre.

Pela sua narração, você tem sido terrivelmente chata, pegajosa e infantil (com essa questão de Whatsapp). Pare de cobrar oficializações de relação, exigir atenção, respostas imediatas, etc. Leve essas não-relações com mais suavidade e deixe a coisa fluir. Se o cara te curtir (e vice-versa) namorar será uma consequência e não causa (como você tem lidado).

Rapidinhas do Cafa – parte 6

1-)  “Parece que meu namorado foi enganado a vida toda achando que a mulher goza sem preliminar e em dois minutos de penetração. Como pode um cara de mais de 30 anos achar isso? Qual a sua impressão com base em sua experiência? A maioria das mulheres tem realmente dificuldade em gozar somente com a penetração como dizem por aí? O que posso fazer pra melhorar isso em mim?”

Cafa > Na verdade acho que esse número ai é 50/50, metade das que eu conheci gozavam na penetração, o restante no oral. A diferença é que as primeiras podem fingir que gozaram, já as segundas é fácil perceber quando chegam lá.

É triste você querer mudar algo em você, quando o cara não está a fim de fazer a parte dele. Tudo bem, alguns homens tem nojinho de oral, mas não fazer esforço para estender a penetração é puro egoísmo e falta de parceria.

De qualquer forma, talvez eu possa te ajudar. Na minha opinião, as mulheres que gozam com penetração são aquelas que conseguem ter mais prazer no Ponto G (e com parceiros que possuem o pênis levemente inclinado pra cima, o que facilita a fricção dessa parte), já as que gozam no oral possuem maior sensibilidade no clitóris, o que deve ser seu caso. Na próxima vez que fizerem sexo, porque você não se masturba enquanto ele te penetra? Ou então pede para ele tocar o seu clitóris enquanto te pega de ladinho ou de 4.

2-) “Sou adepta do Tinder e já conheci vários caras por lá, grande parte legal (por incrível que pareça). Porém, vejo que sempre falta um plus depois de um tempo de conversa. Então a minha pergunta é a seguinte, e garanto que uma boa parte das mulheres também tem a curiosidade. O que faz um homem se interessar cada vez mais pela mulher? Questão de conversa e afins… Quais as maiores gafes cometidas por nós? E como as mulheres se destacam das outras?”

Cafa > A sua pergunta tem certa relação com a da leitora abaixo. Responderei tudo junto.

3-) “Não preencho o esteriótipo de “piriguete”, no entanto a abordagem que os homens utilizam comigo me deixa intrigada. Raramente um homem se aproxima de mim e me convida para sair em um ambiente que propicie conversa, grande parte dos colegas solteiros que tive no trabalho e cursinho, acabam se oferecendo para ir me visitar, assistir um filme na minha casa, já teve até quem se convidasse para comer/beber na minha casa. isso é proveniente apenas do fato de eu morar sozinha?! (Os caras estão assim tão sovinas que não querem mais nem pagar motel?) Se eu tivesse uma colega, não dariam em cima de mim? Ou será que eu passo uma impressão equivocada? Já cheguei a pensar que eu posso passar uma impressão de solidão/carência por não ter um familiar próximo, e passar a ideia de que serei boba e toparei ser um lanche! Ou é normal os caras fazerem essas propostas infames?! Como acabar com essas propostas?!

Cafa > Com o surgimento dos aplicativos de paquera e a maior liberdade feminina em cultivar relações casuais, acredito que estamos passando por uma transição na forma de enxergar relacionamentos e o sexo oposto. Isso fica ainda mais forte com a maior igualdade entre os sexos.

O Tinder é um fast food de pessoas. Quem está com vontade de comer arábe, japonês, etc abre o aplicativo, match, algumas trocas idiotas de mensagens, rola um encontro e em um piscar de olho a comida tá na cama. Não precisa preencher muitos requisitos, basta ser apresentável, saber escrever, não cair nos extremos (chato, exibido e tal), ter uma pitada de humor e voilá.

Isso cria, ao menos nos homens, uma sensação que a conquista pode ser abreviada em poucos caracteres. Obviamente isso se reflete no mundo real. A leitora da última história aparentemente não dá evidências que está para oba-oba, mas ainda assim os convites que recebe são tinderescos. Pra piorar nem match ela deu nos caras.

Por fim, a maior igualdade entre homens e mulheres nas relações casuais trouxe um novo problema para aquelas que não se adaptaram a essa dinâmica. A etapa de levar para um ambiente social, conhecer a pessoa melhor, conversar e tal foi praticamente cortada. Se o cara tem tesão na mulher e ela no cara, por que não ir pra cama sem muita delonga?

Quando me perguntam “como eu devo me comportar”, “o que fazer de especial”, “como me destacar”, etc eu sempre falo para a pessoa agir com naturalidade e mostrar personalidade. As mulheres que ficam atrás de padrões (seja feminista, recatada, etc), na minha opinião, ou são mais um rostinho na fila do pão ou uma caricatura.

 

4-) “O que você acha do velho “golpe da barriga”?

Isso segura relacionamento?”

Cafa > Conheço vários casos e nenhum deles o relacionamento deu certo. Em alguns, homens com formação mais tradicional (especialmente os mais religiosos) casam, vão morar junto e tal. Porém, em alguns anos a relação não dá certo e separam.

Na real, bem lá no fundo, as mulheres que aplicam esse tipo de golpe na verdade não querem apenas segurar relacionamento e sim uma pensão “vitalícia”. Nesse sentido elas são vitoriosas.

5-) “Cafa,  sou divorciada, me casei virgem e agora quero achar alguém pra fazer muito sexo e curtir….. Não faço questão de conhecer pai, mãe ou amigos…pelo contrário. … nem quero conhecer os dele e nem apresentar os meus.. .. mas quero um relacionamento…. sem compromisso, do tipo que preserva a minha individualidade, minha saída com as amigas, minhas brincadeiras de azaração, mas quero fidelidade no sexo….ou seja… ele só transa comigo e eu com ele…. mas tem um detalhe. … quero tudo isso com um cara que me deixe com tesão só de olhar pra mim…..fiz um perfil num site de paquera. .. e tem acontecido o seguinte….. Quando encontro alguém com quem a conversa flui…. com afinidades…. com quem consigo me sentir segura para um encontro … no momento do encontro eu não sinto aquele click  …. aquela vontade de beijar… ou de me deixar ser tocada….. acha que o q eu espero sentir num encontro é algo impossível?”

Cafa > Você passa esse dilema, pois pelo visto viveu um relacionamento bastante tradicional, em que o primeiro homem da sua vida esteve presente em quase todos os momentos de lazer e a sua individualidade foi violentada. E a dificuldade em relacionar-se com outros homens mostra que você ainda não superou completamente a (má) influência que a relação anterior deixou.

Muita gente acredita que assumir um compromisso com o parceiro significa a renuncia da individualidade. Os programas sociais precisam ser compartilhados, um bar com os amigos é motivo de desconfiança e aporrinhação, o almoço de domingo na família dele é uma obrigação e por ai vai.  

Fidelidade e liberdade podem andar juntas. Ser livre não significa farra, mas ter a sua individualidade preservada. A única coisa que me chama a atenção na sua história é a parte “minhas brincadeiras de azaração”. Legal a mulher sair com as amigas e se sentir desejada por outros homens, agora ficar esfregando a lâmpada dos outros caras e querer ver apenas um gênio não é o caminho.

Por mais difícil que seja, tente encarar os relacionamentos sem comparar com o seu antigo, as coisas fluirão com mais leveza e coerência. 

6-) “Como posso saber se estou sendo traída ,sou casada a 6anos tenho 2 filhos pequenos eu tenho 27 e meu marido 26”

Cafa > Se você mandar uma foto da palma da sua mão talvez seja mais fácil para eu responder.

7-) “há 2 meses comecei conversar, todos os dias com meu vizinho, que é extremamente tímido, mas que se mostrou uma pessoa de muito bom caráter, teve um relacionamento de 4 anos do qual saiu sendo traído, depois disso não se relacionou com mais ninguém por 4 anos, vindo agora iniciar comigo. Durante esses 2 meses de conversas ele me falou muito sobre sua vida, sobre o trauma se ser traído, se sentir sozinho, pois mora sozinho desde o término do relacionamento e fomos descobrindo afinidades em comum, nos aproximando e acabamos saindo algumas vezes, o sexo é muito bom, temos muita química e quero sempre mais rs.

O problema esta acontecendo quando aparece um amigo dele, que ele considera como se fosse “família” por viver muito sozinho, na minha visão, esse amigo tem interesse na amizade, pois usa o cartão de crédito do meu vizinho, usa o carro dele para levar os familiares quando saem para algum lugar etc, mas o que esta me incomodando é que mesmo quando marcamos de sair algum dia, e este amigo convida para algum programa, ele desmarca comigo e diz que não pode dizer não para o amigo, não sei o que pensar, se ele prefere o amigo e só quer diversão comigo”

Cafa > Gostei da questão, li poucos relatos como esse no blog, mas é um problema bastante comum nas relações.

Antes de mais nada, analise os números. Você conhece esse cara há 2 meses, certo? Há quanto tempo você acha que ele conhece o amigo? Isso não foi mencionado, mas provavelmente deve ser mais de 5 anos (talvez 10 pelo nível de intimidade). A sua participação na vida do cara, em relação ao amigo dele, é quase nada. Então, quem é você para reclamar do uso de cartão de crédito, carro, por dividir a atenção?

 Talvez você não tenha conhecimento de 10% do que os dois passaram juntos, de como esse amigo deve ter segurado a mão do seu vizinho no aperto.

Por enquanto você é sim uma diversão, que eventualmente poderá virar algo sério. Você implicar com o amigo, porém, não é o caminho ganhar o cara.