Dia das leitoras – “Não quero mais ser amante”

“Estou me sentindo boba por enviar esse e-mail.
Acho que você deve ter ajudantes que fazem uma triagem e talvez a minha situação, de tão repetitiva, nunca chegue a você (risos). Caso eu esteja enganada, me responde, por favor. Tá?

Cafa > Eu fico tão lisonjeado quando leio algo assim. Parece que o blog é um mega portal, com uma equipe de redatores, revisores, comercial, etc. Eu sou tal qual um dono de boteco pobrito: tiro o pedido, cozinho, limpo e cobro a conta. A diferença é que aqui ninguém me paga. 😀

Eu estou em um relacionamento com um  cara comprometido. Ele namora há 3 anos e meio. Quando eu o conheci não sabia que ele estava em um namoro. Nos aproximamos como amigos e era maravilhoso. Mas eu queria algo mais e sentia que ele também queria, mas ele não tomava nenhuma iniciativa. Muito pelo contrário, quando tínhamos a oportunidade de fazer algo sozinhos, ele praticamente “fugia”.

À medida que a amizade avançava, eu me senti à vontade pra conversar com ele sobre isso. Foi aí que ele me confessou que estava atraído por mim, mas tinha namorada.

Decidimos esquecer tudo isso e continuarmos como bons amigos.
Ocorre que nos vemos diariamente por causa do trabalho e de algumas atividades que fazemos juntos. Ficou difícil ignorar o interesse. Aliado a isso, eu estava há dez meses sem me envolver com alguém. Dá pra imaginar o nível da minha carência (rsrs).

Ficamos à primeira vez e eu jurei (pra mim mesmo) que seria só aquela vez. Pra matar aquela vontade e pronto.

Aí teve a segunda vez, e eu jurei (pra mim) que nunca mais. Mas não “deu certo”. Teve a terceira, quarta… Já estamos juntos há 5 meses.

Cafa > Isso me lembra um viciado tentando parar de fumar. As vezes rola ficar algumas semanas sem acender um cigarro, mas assim que coloca um na boca, vem outros. Ou toma a decisão de superar o vício, ou em qualquer tristeza, tempo ocioso ou bebedeira há recaída.

Eu sei que existem inúmeros motivos para dar um basta nisso. Mas será que não podem existir situações diferentes? Será que a nossa história não pode ser uma exceção entre tantas que dão errado?

Sabe, ele passa a semana toda comigo. Nos vemos todos os dias, de segunda a sexta.
Só que nos finais de semana ele nunca está disponível (por óbvio).

Cafa > Cuidado em se contentar com migalhas de atenção. Você não é estabelecimento comercial para o cara te visitar apenas em dias úteis.

A namorada dele mora na mesma cidade e eu já descobri (não por ele)que ela é totalmente disponível durante a semana. Mesmo assim eles não se encontram. Parece que eles estavam com problemas, brigando demais e decidiram que só iriam se ver aos finais de semana.
Entao, durante a semana, mesmo quando ele não está comigo, ele não vai vê-la (já tive várias provas disso).

Cafa > Não importa. Normalmente casais quase não se veem durante a semana, já que cada um está na sua rotina (trabalho, estudo, academia, etc, etc) e o fim de semana é o momento de ficarem juntos com mais tranquilidade. Você pode ter entrado na agenda semanal dele e isso não necessariamente é uma vantagem.

No início, ela já “desaparecia” da sexta. Agora, na sexta ele fica comigo. No sábado, às vezes aparece, fica pouco, mas aparece. No último sábado, ele chegou lá em casa às 18h e foi embora às 21h. O que me pareceu bastante tempo. Considerando que ele só vê a namorada aos sábados e domingos e passa a semana toda comigo.

Cafa > É um bom sinal que você tenha ganhado espaço além do dia útil, mas ainda assim segue sendo a outra.

Enfim…
Ele nunca falou mal do relacionamento. Nem bem também. Ele não fala nada.

Cafa > Dificilmente um homem vai abrir o seu coração para uma amante e falar dos problemas com a atual. Trair já não é digno, fazer confidências da principal com a amante é o ápice do mau-caratismo.

Mas por esses comportamentos, acho que talvez ele não seja feliz no namoro. Talvez outras coisas o prendam… comodismo, o medo de terminar e se arrepender, o carinho e consideração por uma pessoa que ele se relacionou tanto tempo. Alguma dependência emocional dela, dele ou de ambos. A família, amigos comuns. Falta de coragem de quebrar as promessas, desfazer os planos.

Cafa > Olha, isso pode pesar um pouco, mas não acho o principal motivo. Quando há filhos envolvidos, ai a coisa é mais complicada, porém quando não há um laço “vitalício” com a mulher, o rompimento é mais fácil. Eu tenho duas hipóteses, ou ele é um menino que tem medo de assumir as rédeas da própria vida e vive em função do que os outros pensam ou você não é boa suficiente pra ele terminar com a atual.

Mas acredito que o desejo, a paixão, o amor entre homem e mulher não seja mais o mesmo. Ou nem seja mais. Ja vi tantos casais que depois de um tempo juntos desenvolvem sentimentos fraternos um pelo outro. Se amam quase como irmãos e permanecem juntos por comodismo.

Cafa > Deixa eu te contar uma coisa então: isso acontece com todos os casais. Aquela paixão inicial (momento que você está vivendo, mas sem ser um casal) despenca com os anos. Esse sentimento dá lugar a outro mais fraterno, de respeito, carinho e admiração pelo outro. Comodismo pode ocorrer, mas não necessariamente está relacionado com essa mudança no sentimento.

E veja, não dá pra dizer que a nossa relação se resume a sexo, sabe. Muitas e muitas vezes não nos encontramos pra sexo . Nos encontramos pra assistir filme, saímos para comer e conversar. Tem dias que a gente conversa tanto que quando ele vai embora me dou conta que mal demos um beijo.

Cafa > Provavelmente no início do namoro ele tinha a mesma dinâmica que você descreveu com a namorada. Agora você é a novidade no sexo e o bônus é que ele ainda tem uma companhia bacana, além da atual.

Durante a semana ele não tem qualquer limitação comigo. Nos vemos a hora que quero, ligo e recebo ligações a qualquer hora… A gente se fala o dia inteiro, ele até me dá satisfação do que está fazendo (eu não peço). Além disso, eu nunca os vi juntos. Nas coisas que estou envolvida ele vai sozinho ou não vai. u só lembro que ela existe aos finais de semana… Pq ele fica indisponível pra fazer qualquer coisa comigo.

Cafa > Como eu disse, ela deve ter sua rotina durante a semana que pouco envolve o namorado. Na real, isso é algo que sempre achei importante em uma relação. As pessoas precisam de um tempo sozinhas. O segredo para estragar uma relação é fazê-la cair na rotina e os dois perderem a individualidade. De qualquer forma, no namoro do cara isso não foi suficiente para ele por um chifre na parceira.

Enfim… a questão é que por tudo isso eu penso que talvez ele esteja em um relacionamento falido.
Será que sou muito idiota por investir nesse relacionamento, por ter essa esperança?

Cafa > Não vejo problema em você querer investir no negócio se viu potencial. O problema é que primeiro o cara precisa se livrar do relacionamento falido. Não é possível se dedicar a um novo empreendimento carregando um negócio quebrado nas costas.

Acho que sou compreensiva com a situação dele pq já estive em um relacionamento em que não estava feliz, mas o meu ex era tão bom pra mim, fazia tudo tão certinho que eu me sentia a pior das pessoas por querer terminar, por querer viver outras coisas e por não estar mais gostando dele do mesmo jeito.
Foi uma decisão difícil e eu passei vários meses infeliz e sem coragem pra terminar. As vezes acho que ele pode estar passando por isso.

Cafa > Você não falou a idade de vocês, mas creio que devem ser bastante novos por ter essa mentalidade de pena do parceiro.

As vezes passamos por maus momentos na vida, em que um problema pessoal acaba afetando a relação. Com maturidade, paciência e em um relacionamento forte essas fases são superadas. Algumas pessoas acabam rompendo na primeira crise, outras buscam soluções fáceis (como traição ou desprezo) e algumas se acovardam no meio (caso do garoto dessa história).

Muitas vezes tenho vontade de cobrar dele um posicionamento sobre isso, mas acho 5 meses pouco tempo pra exigir uma decisão dele.
Por outro lado, será que existe tempo pra isso? E quando seria esse melhor momento?
Sei que a medida que o tempo passa eu me envolvo mais e sinto uma maior dificuldade para terminar.

Cafa > Terminar o que não começou? No seu (literalmente) caso é apenas parar de ficar com ele e está resolvido. Quem precisa terminar algo aqui é o cara, não você.

Mas você está certa sobre tempo. Não dá pra falar quantos meses são necessários para exigir que alguém termine uma relação e assuma a amante. A escala a ser utilizada é a do envolvimento. E pelo que você me descreveu, os dois estão bastante envolvidos, saindo regularmente, o caso não se limita a sexo, possuem afetividade um pelo outro, então digamos que já deu o “prazo” dele terminar com a namorada.

Me dá um conselho, Cafa? Nem precisa me aconselhar a fazer terapia. Estou com consulta marcada pra amanhã. Resolvi me tratar porque o que me leva a me submeter a uma situação assim é, antes de tudo, muita baixa autoestima.(só pode, deve ser)”.

Cafa > Não acho que terapia seja o caminho. Se você apenas se apaixonasse por homens comprometidos ai sim seria algo mais profundo da sua personalidade que deveria ser analisado. Porém, um caso pontual e bobinho como esse não exige terapia, mas atitude, coragem e maturidade.

Se o cara realmente gosta de você e estivesse na iminência de te perder, não tenha dúvida que ele terminaria o namoro e ficaria contigo. Porém, está conveniente pra ele ter você durante a semana e a namorada no fim de semana.

Bate um papo com ele, explica que não está rolando pra você, que prefere se afastar enquanto ele não se resolve e tal. Só um ponto aqui, é importante você tentar entender o que rolou no relacionamento do cara pra não ter dado certo. Nada garante que, terminando com a atual e começando a namorar você, daqui alguns meses/anos você não vire a corna da história.

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Quer mandar a sua história para o Dia das leitoras? Não posso garantir que responderei todas, mas se for algo interessante e resumido, as chances aumentam. É só enviar para cafa@manualdocafajeste.com

Relacionamentos e construções

Gosto de ler notícias, mas se há algo que não vejo o menor sentido são fofocas de celebridades. Simplesmente não há relevância em saber que Bruna Marquezine viajou de avião mal ajambrada, que o príncipe Harris faz coco de porta aberta ou que a Daniela Mercury casou com uma mulher (depois descasou e desmentiu que gosta de mulher).

Tento evitar receber esse tipo de notícia, mas o jornal que assino (Estadão) inventou uma moda chamada “Emais” (uma categoria só de fofocas) e volta e meia aparece no meu Facebook alguma notícia cretina. Não tem como eu parar de seguir, do contrário não recebo mais notícia alguma (apenas se acessar o site). Então digamos que é o preço que pago para ter um feed de notícias no meu Facebook. É como se fosse uma versão gratuita (ruim) do Spotify em que você precisa ouvir o que não quer e ainda ter que pagar por isso.

Semana passada, fui bombardeado pela fofoca da semana: A separação de Brad Pitt e Angelina Jolie. Ok, é uma fofoca que transcende o ordinário. Afinal, era o casal supostamente perfeito. Bonitos, ricos, famosos, competentes, estilosos, fofos, adotam crianças, etc, etc. Conseguem agregar qualidades (ainda que isoladas) que a maioria das pessoas almeja para si e/ou no parceiro/relação.

Diz a boca pequena que ele deu umas escapulidas, queimava um e bebia com frequência acima da tolerada por Jolie. Bom, não importam os motivos, isso só reforça a minha tese que relacionamentos possuem prazo.

Grosso modo, relacionamento nada mais é que uma construção e a duração/solidez dela vão depender de como a obra foi estruturada.

As vezes saímos com alguém por um tempo, o sexo é bom, mas não há afinidade e em poucos meses (ou menos) acaba a “relação”. Pronto, um casebre construído.

Outras vezes saímos com pessoas que o sexo é bom, há afinidade, mas depois de um tempo a coisa satura, cai na monotonia e acaba. Pronto, uma linda casa foi finalizada.

Em certos momentos conseguimos estabelecer pilares fortes e a relação dura anos e eventualmente vira um condomínio. Porém, assim como o casal Brad/Jolie, a obra termina.

E claro, há os extremos. As vezes a base é tão mal feita que a casa em menos de um mês desabada ou pega fogo; em outros vira um arranha-céu.

Nas mesmas matérias sobre a separação do casal hollywoodiano vi um monte de gente chateada, preocupada que o amor não existe, implorando para que Tarcísio Meira/Gloria Menezes não separem e tal. Bobeira.

Seja no casebre, na casa ou no condomínio nada é em vão ou perdido. Essas construções fazem parte da cidade que são nossas experiências, nossa vida. Devíamos aproveitar mais enquanto a obra é construída e lembrar com carinho quando a mudança chegar a ficar lamentando.

Coitada da Fátima

Não sou um grande usuário do Facebook, e as raras vezes que mexo por lá é como se eu cutucasse um balde d´água com areia no fundo, a coisa fica turva.

Tenho mais de mil “amigos”, mas não me lembro de onde conheci metade deles. Normalmente, quando alguém posta algo que não curto dou unfollow, só que o Facebook não desiste e tal qual um vendedor de óculos da Chilli Beans, ele me sugere novas opções. No caso, aparecem posts dos “amigos” que eu penso onde diabos conheci uma pessoa que compartilha foto de uma gordinha sentada num golfinho moribundo, por exemplo.

Amigos a parte, tem uma funcionalidade curiosa: a Solicitação de Mensagem, uma espécie moderna de Caixa de Spam pra quem acha que te conhece tentar interagir. O Facebook não avisa se alguém mandou mensagem por lá e ai quando me dou conta há dezenas de mensagens de leitoras que me encontraram (até ai ok), alguns robôs querendo roubar minha senha do FB (sabe lá o motivo) e um ou outro maluco. Um caso do último grupo ocorreu nessa semana.

Antes cabe contextualizar como o goiaba me encontrou.

Conheci a Fátima na faculdade. Eu ainda era meio esquisitinho naquela época. Tinha acabado de me mudar de Santos para São Paulo e com a mudança levei todo mau gosto caiçara, como gel de cabelo, regatas, chinelas, colar e demais alegorias praianas. Uma aberração em uma faculdade tão ~sofisticada~ como a que eu estudei.

Pra piorar, eu havia transferido de uma faculdade (ruim) para outra (boa) e como a carga horária e grade curricular tinham um pequeno abismo entre as instituições, tive que fazer várias matérias de adaptação em tempo recorde (um semestre) para não parecer um retardatalho nos anos seguintes. Eu ficava feito um peru louco pulando de sala em sala das 7:00 às 16:00.

Resumindo, eu não tinha o perfil da faculdade, nem me estabeleci em nenhuma classe naquele período. Isso fez com que eu não fizesse nenhuma amizade, exceto a Fátima. Ela era muito gente boa, mas não tínhamos nada em comum, ficou apenas a amizade que o tempo fez com que desaparecesse após o término da faculdade.

Meses atrás ela me adicionou no Facebook, tivemos praticamente uma conversa de elevador, e ela voltou a ser a areia no balde d´água.

Nessa semana Fátima mandou um novo pedido de amizade. Como havia mensagens antigas na sua página, logo deduzi que por algum motivo ela tinha me deletado. Não entendi o motivo, já que ela quem me adicionou e nossa rápida conversa não deu tempo de ela pegar bode de mim.

Eis que aparece o goiaba.

Nessa semana, na minha ronda pela Solicitação de Mensagem, um cara mandou essa pergunta: “Olá amigo. Desculpe perguntar, mas de onde você conhece a Fátima?”. Antes de responder essa mensagem babaca, obviamente fucei o Facebook de ambos.  O dela não tinha resquício algum de namoro (ou compromisso), apenas de um filho de (sei lá) 1 ano de idade. Fui então ao perfil do cara e descobri que ele é o pai da criança (e talvez) o ex dela. Tentei resistir, mas acabei dando um esporro nele (que deve ter uns 40 anos de idade).

Poxa, a Fátima era uma pessoa bacana, fiquei surpreso de ela se relacionar com um tonto. Pensei durante alguns dias se deveria entrar em contato com ela, tinha receio de parecer fofoqueiro. Resolvi visitar o perfil dela e buscar novidades, e pra minha surpresa não éramos mais amigos (de novo). Pensando bem, talvez eles se mereçam. Coitada da Fátima.

Falta de libido

Lá pelos 18/19 anos de idade eu tinha um problema sério com ereção, nunca achava o equilíbrio, ou meu pau não subia ou quando subia a ejaculação acontecia em segundos. Eu chegava a apelar para truques ridículos como masturbar antes de encontrar com uma garota, pensar em unhas encravadas durante o ato sexual para retardar o gozo ou simplesmente parar o amasso no meio e dizer que tinha algo urgente pra fazer.

Só me libertei desse problema quando passei a frequentar uma psicóloga que conseguiu tirar da minha cabeça a castração sexual que tive na minha infância (“Sexo” era tabu em casa). Quando finalmente tirei essa amarra, achei que o céu fosse o limite. E ai, bem esse blog foi criado e leitora da fase anterior pode acompanhar o que o animal fora da jaula aprontava. Sexo pra mim não era mais uma trava e me achava um guru. Porém, a vida sempre encontra uma forma de nos dar uns tapas na cara. E confesso que ultimamente ela tem me dado uma surra.

Nos primeiros meses vivendo na Austrália, ouvi várias histórias de casais (ou homens solteiros) que o sexo era algo raro ou praticamente inexistente na relação. Ao ouvir aquelas histórias, não podia evitar hipóteses como o relacionamento ter ido pro saco, o cara não ser tão a fim de mulher ou estar jantando fora. Na época, com a minha cabeça relativamente em paz, aquilo parecia ser um absurdo. Como uma necessidade “fisiológica” ser negada? E lá foi a vida me dar um sacode.

Passo por vários conflitos diários ao levar uma vida completamente avessa a que eu tinha e por pensar demais no futuro. Família e amigos estão há milhares de quilômetros e comunicadores online (como Facebook, Skype, etc) amenizam a ausência, mas jamais substituem uma conversa presencial; minha vida social restringe-se a conviver boa parte do tempo com pessoas sem muito o que acrescentar; a cultural é praticamente resumida a uma ou outra leitura online; meu trabalho é ordinário e serve apenas para não mexer nas minhas reservas e passar o tempo. Com todo esse colchão maravilhoso para me confortar, minha cabeça não relaxa e vejam só, minha libido parece a de um panda, ou seja, nula.

Esse ponto acendeu a luz vermelha pra mim e junto com vários outros fez com que eu percebesse que a minha vida aqui chegou no limite e é hora de, novamente, mudar de rumo. Em breve conto novidades.

De qualquer forma, vale o recado. Além das histórias ouvi aqui, Já li bastante relato de leitoras questionando o motivo pelo qual o namorado/marido/caso/etc não transa com a mesma frequência (ou praticamente não transa mais). É comum a primeira coisa vir na cabeça que ele não vê mais atração em você e outras hipóteses que já citei. Sim, são possibilidades que as vezes virão fatos, mas muitas vezes o cara simplesmente está com um monte de problema pessoal e por mais que ele goste da pessoa, a cabeça simplesmente bloqueia a libido.

Dia das leitoras – Mulher enrolada

Dona Florinda talvez seja uma das personagens mais enroladas por homem que eu tenho registrado na memória. Viúva, dona de casa e chata pra cacete, Florinda parecia viver em função do filho e das migalhas de visita do professor Girafales, que fazia o escambo de um buquê de rosas por uma xícara de café e de quebra dava uns pegas na coroa, enquanto Quico brincava no pátio.

As vezes Florinda ia no salão, fazia churros, bolo, mas nada atingia o seu objetivo que era o Professor tornar a parada séria. Em certo episódio ele inclusive foi pego ciscando pela rua, sinal claro que ele queria apenas dar uns beliscos em Florinda.

Não, meu propósito aqui não é fazer uma análise comportamental do seriado mexicano. Porém, ao buscar uma foto para ilustrar a história de uma leitora enrolada por um cara, logo lembrei-me da Florinda.

No caso da leitora, o cara não traz buquê de rosas, talvez não traga nada, apenas alguns momentos de atenção, que são retribuídos muito além de xícaras de café.

Vamos lá:

“Estive enrolada durante pouco mais de 3 anos com um cara 6 anos mais velho (tenho 24), que era como se fosse meu namorado, porém fazia questão de deixar bem claro para todos (inclusive pra mim)que não tínhamos nada além de uma amizade colorida.

Cafa > Difícil entender pessoas que ficam mais de ano enroladas. Se é um cara que vez ou outra você só sai pra curtir e depois cada um vai para o seu lado, ok. Agora se os dois estão sempre juntos e se gostam, por que não namorar? Pra você é como se ele fosse um namorado e pra ele é como você fosse mais uma.

Depois de mais ou menos 1 ano nessa situação, eu perdi a paciência, e em um ato impulsivo, pedi ele em namoro. Ele desconversou, falou que eu era uma menina incrível, que gostava demais de mim, que tinha chegado numa idade em que ele se via ‘namorando pra não ficar sozinho’, ou seja, levei um fora. Ele só tinha tido uma namorada (parece que ela o machucou muito) e desde sempre ele falou que não queria namorar nem tão cedo, mas na época já tinham se passado uns 3 anos desde que eles haviam terminado.

Cafa > Essa história de ~ficar machucado~ me dá preguiça. A pessoa que usa isso como motivo para evitar compromisso, ou mente ou é apenas idiota. De qualquer forma, no fim da história essa sua tese não se mantém, ou seja, ele mentiu.

Até ai ok, fui levando. De vez em quando pedia para uns amigos em comum averiguarem se estávamos namorando, ou se ele viria me pedir pra namorar algum dia… Sempre a resposta era negativa, e era sempre uma desculpa diferente, uma hora era porque me achava muito nova, outra hora era porque ele não se via namorando a distancia (ele foi transferido pra outro estado, mas como a família toda mora lá nessa nossa cidade ele ia lá direto), ou então porque não queria atrapalhar meus estudos (faço faculdade)…

Cafa > Na minha opinião, a química e afinidade simplesmente não bateram pra que ele te pedisse em namoro e ai passou a fabular desculpas para seus amigos.  A última dos estudos beira o ridículo. Parece que ele sabia que a pessoa que perguntou faria o leva-e-traz pra você.

E então foram 3 anos nesse namoro-não-oficial, sendo que conheci a família dele, colegas de trabalho da cidade nova, porém sempre sendo apresentada como ‘amiga’ e nunca como namorada, ficando inclusive emburrado quando o pessoal dizia que eramos um casal (só pra zoar) mas estava sempre viajando pra lá pra me ver, eu também fui encontra-lo.

Cafa > TA TA TA TA…pra te ver? Tem certeza? Pelo que você falou, a família do cara mora na mesma cidade que vocês. Então, talvez você não seja o principal destino da viagem, apenas uma escala.

Acabou que no fim do ano passado, vim fazer Ciências Sem Fronteiras nos EUA e fomos perdendo o contato aos poucos. Estava tudo bem, seguindo minha vida, aproveitando essa oportunidade que recebi e pensei até que tivesse superado essa historia. Só que ai vieram me contar que ele tá namorando oficialmente!

Disseram que está arriado nessa moça, pensando em futuro juntos e todos esses mimimis whiscas sache que pessoas apaixonadas falam que nos fazem revirar os olhos. A galera falou (brincando) que ela devia ter feito magia negra para conquista-lo, eu to com um pé atrás que foi isso mesmo, porque não faz sentido!

Cafa > Para com essa bobeira. Coar café na calcinha, fazer bife de buceta, roubar o Jesus do Santo Antonio e magia negra são coisas de gente desesperada e fraca da cabeça.  

O pior é que pelo que eu vi no facebook, ela é uns meses MAIS NOVA do que eu, e parece que também faz faculdade!!! Que foram justamente os motivos que ele deu pra não me assumir!

Uma parte importante, é que ele bloqueia pra eu não ver as fotos que ele posta com ela, mas uma amiga nossa consegue, e me manda os prints! Isso enche meu coração de esperança, porque significa que ele não quer me magoar! Quando vim embora, não chegamos a terminar nosso casinho, e essa historia dele bloquear as fotos de casal pra mim me enche de esperanças de ele talvez querer retomar quando eu voltar (agora no fim do ano).

Cafa > Credo, isso é um jogo dos sete erros de interpretação. Quem disse que bloquear o seu acesso a um álbum significa necessariamente ele não querer te magoar? Pode ser simplesmente pra não ter que se explicar caso você o questione sobre o namoro.

Não existe terminar algo que não começou. Outra, você terminou alguma amizade antes de fazer o intercâmbio? Não. Então porque uma amizade colorida deveria ter um término? Isso não passa na cabeça dos homens.

To tentada a ir conversar com ele quando eu voltar, perguntar porque dele estar namorando, porque me enganou durante todo esse tempo e ver se ele ainda acha que temos alguma chance

Cafa > Vai fazer merda.

Ele te enganou ao dizer que estava machucado pelo namoro anterior? Por estar preocupado com os seus estudos?

O cara só te enrolou e você aceitou a condição de enrolada. Se ele quisesse namorar, teria te falado antes, não precisaria começar a namorar uma e depois mudar de ideia.

(uma amiga falou que ele pode estar com ela só pra não ficar sem ninguém e quando eu voltar pode ser que terminem, mas num deve ser isso ne?) …

Cafa > Cuidado com conselhos de amigas. Quase sempre elas possuem a melhor das intenções, porém muitas vezes não tem ideia do que passa na cabeça dos homens e as dicas viram grandes furadas.

Quando vocês estavam de caso, ele não saia apenas com você (do contrário oficializaria), então esse cara nunca esteve sozinho. A diferença é que agora encontrou alguém que rolou mais afinidade/química que você.

Alguns amigos falaram que devo deixar pra lá essa historia, mas to com medo de minha amiga estar certa e eu me lascar por falta de atitude minha, sabe aquela coisa de se arrepender só das coisas que fez? Rs, então!

Cafa > Na verdade o dito é “arrepender-se daquilo que não fiz”. Mas concordo contigo que no caso você se arrependeria do que iria fazer. 

O que você acha cafa? Já aconteceu de você namorar uma pessoa só porque a que você gostava realmente tava longe?”

Cafa > Comigo aconteceu o oposto, eu comecei a namorar uma pessoa que estava realmente longe.

Antes de namorar eu sempre acreditei que não existia namoro a distância, mas acabei gostando de alguém que vivia a 500 km. Obviamente não deu certo, mas o período que durou foi bom.

Não acredito no conceito de gostar pela negação,  “namoro a fulana, porque não tenho a ciclana por perto”. O cara começou a namorar a garota por alguma qualidade que você não possui. E nisso não há mal algum, não se ganha todas. Aproveita bem os seus últimos meses nesse intercâmbio, saia com uns caras por ai, abra mais a cabeça e quando você voltar, talvez perceba que ele nem era tudo isso. É bem possível que ele até te chame para tomar uma xícara de café.