Mais um ano se passou, a musiquinha de final de ano da Globo tocou (com clipes cada vez mais bregas) e o Globo Reporter passou a retrospectiva 2015 com uma série de notícias negativas e algo bonitinho no final para trazer esperança em um ano que entra literalmente com gosto de ressaca pra muita gente.
É um bom momento para repensar os erros do ano que passou e traçar alguns objetivos.
Nessa vida boa que levei no último ano viajando pelo mundo, o que não faltou foi reflexão e objetivos traçados. Não tenho muito o que dividir aqui sem cair no lugar comum e mais do mesmo. Por isso, farei algo diferente. Uma breve retrospectiva sobre as mulheres que marcaram a minha vida.
Não entrarei no detalhe das mais importantes, que naturalmente são a minha mãe, irmã e avó. Além de outras que não tem muito cabimento falar aqui (como as professoras que tive).
Minha intenção é focar mais em relacionamento, pois as mulheres que fizeram parte da minha vida definitivamente moldaram a forma como passei a enxergá-los. Focarei nas principais:
Poliana* – Foi o meu “primeiro amor”. Eu devia ter uns 15 anos na época e mal tinha beijado direito, mas pela primeira vez o encaixe foi perfeito e ela era meu número. Porém, Poliana era uma cachorra. Além de mim, ela pegava meu primo e um menino do prédio. Eu era o mais feio e franzino dos três, logo a última opção de Poliana. Nos conhecemos no litoral paulista, mas ela era de São Paulo assim como eu, os outros dois moravam no litoral. Quando subimos a serra, parece que o amor subiu também e passamos a nos corresponder por carta (me sinto um velho falando isso, mas ela não tinha ICQ. O que também não alivia minha idade).
Um dia marcamos de nos encontrar no shopping e ela levou uma amiga. Percebi de longe a menina cochichando e dando risada, já não era um bom sinal. Ela não me beijou em nenhum instante, foi rolar apenas quando entramos no cinema. Porém, nervoso em beijá-la, fechei os olhos e sem querer dei um beijo de língua no nariz dela. Virei piada, e ela não me beijou mais. Dias depois mandou uma carta pedindo que eu jogasse fora todas as outras e devolvesse as fotos que ela tinha me mandado. Queimei a porra toda. Nesse instante minha mãe ouvia Tim Maia e hoje me dá bode até de ouvir músicas como “Acende o farol’. Digamos que Poliana foi a que ajudou a cunhar o lado negro da força do Cafa.
Mara – O meu trauma com Poliana durou uns dois anos, o período que levou para o meu corpo ficar proporcional à minha cabeça (eu parecia o Fantástico Mundo de Bob) e eu passar de patinho feio para um pato apresentável (falar que virei um cisne seria prepotência e meio bichoso).
Conheci a Mara em uma das primeiras baladas que passei a frequentar. Ela não era meu número, na verdade era meio feia e magrita, mas tinha charme, beijava bem pra cacete e era carinhosa. Nunca namoramos, foi um daqueles casos que os dois se gostam, mas por circunstâncias da vida não fica sério.
Depois de anos infrutíferos eu finalmente chamava atenção das mulheres e achava bobeira me prender.
Nosso caso terminou uma vez que mandei pra ela um teste de mentira em que a pessoa preenche uma série de informações da vida sexual e o resultado vai direto pra quem enviou. Uma tremenda babaquice, mas algo de se esperar de um menino de 18 anos. De qualquer forma, descobri que a garota tinha taras de deixar o capeta envergonhado. Inexperiente e imaturo, me assustei com aquilo que li e nosso caso foi pro saco.
Anabela – Foi a primeira namorada que gostei de fato. Na época eu tinha 23 anos. Na verdade ela foi a segunda, antes dela eu namorei outra, mas apenas porque estava cansado da vida boêmia e a garota era boazinha. O que me chamou a atenção na Anabela era sua atitude. Na primeira vez que ficamos eu estava brigado com a outra e assim que Anabela descobriu, disse para eu procura-la quando tivesse solteiro e saiu andando. Dia seguinte terminei com a primeira ex e comecei a sair com ela.
Anabela era uma boa jogadora. Conseguia me manipular de uma forma absurda, e por cair no jogo dela, eu tinha crises de ciúmes constantes. Naquela época eu tinha uma série de travas e sexo pra mim ainda era um tabu. Nossa primeira vez teve de tudo pra ser um desastre, com direito a cachorra dela lamber meu saco (sem querer, claro). Porém, Anabela levava as coisas com tanta leveza que me ensinou a me soltar na cama. E foi com ela que minha evolução em quatro paredes deu um salto.
Nosso namoro terminou porque eu não era maduro suficiente pra ela. Os ciúmes só aumentavam, brigávamos direto e em uma das brigas ela apareceu na praia com o ex de mãos dadas. Uma ironia considerando a forma como nos conhecemos. Enfim, mais uma vez sofri pelos cantos, mais um calo ganhei, mais frio e racional me tornei a respeito de relacionamento.
Mafalda – Foi a última ex. Como já disse algumas vezes aqui, nosso relacionamento teve vários altos e baixos, mas o crescimento pessoal que tive nele foi absurdo. Antes de conhecê-la eu era um tremendo ogro. A ponto de no primeiro encontro sugerir que ela pegasse um táxi ao invés de eu dar carona, propor um jantar em um restaurante e acabar levando-a pra comer sanduiche de pão integral com queijo branco em casa. A pior foi dar um vinagre de Natal para a sua mãe (que é toda fina). Minha cara pinica de vergonha até hoje só de lembrar.
O maior aprendizado que tive nesse relacionamento foi que não existe regra em relacionamento. Você pode ter seus princípios, (pré) conceitos, verdades absolutas, mas quando começa a viver intensamente uma relação, você acaba fazendo coisa que jamais imaginaria, sejam elas positivas ou não. Digamos então que a racionalidade que eu adquiri com a Anabela foi adocicada quase dez anos depois pela Mafalda.
A Mulher Desconhecida – Geralmente após uma guerra há sempre menção ao soldado desconhecido. Aquele que ninguém sabe o rosto, mas que representa todos que lutaram e serviram ao país. OK, não estou em guerra, mas o que vale aqui é o conceito, da Mulher Desconhecida.
Dos meus 24 aos 28 digamos que foi a época dourada dos relacionamentos casuais. Penso em uma mulher que foi marcante, mas vários nomes aparecem na minha cabeça, nenhum individualmente forte o suficiente para me marcar. Porém, todas elas juntas foram fundamentais para eu aprender a lidar com mulheres, me conhecer melhor e evoluir como pessoa. Erra quem pensa que relações casuais não são construtivas. Errado, como diria o querido Raul, é ter aquela velha opinião formada sobre tudo.
Um excelente 2016 para vocês!
* Os nomes originais foram alterados para preservar a pessoa